quinta-feira, 5 de março de 2009

Denzel Washigton - Terezinha Castro

"Denzel Washigton apareceu em minha casa uns cinco dias depois que mudei para ela.
Ele vinha de mansinho e foi difícil fazer um carinho nele.
Tinha uns quatro mêses mais ou menos. Ele é todo preto, daí seu nome.
Resolvi colocar uma tijela com leite morno e um punhado de ração no mesmo lugar, todos os dias.
E assim foi. Ele vinha, comia, ganhava um carinho e ia embora.
Passou um mês, ele adentrou a cozinha.
Mais um mês , ele já fez um tour pela casa.
Decidiu então que passaria o dia dormindo na minha cama.
Sim, o dia....Porque à noite ele saia para dar umas voltas...
Não tardou para que ele se metesse em grandes confusões noturnas.
Não que houvesse alguma fêmea para ele proteger, não.
Era só questão de "demarcar" seu território. Além de brigas, de dia era xixi dele por todos os cantos da casa, deixando aquele "maravilhoso" perfume de gato impregnado no ambiente.
Mas tinha algo que me chamava a atenção:
Denzel ás vezes sumia também durante o dia. E quando retornava, vinha com um perfume de homem no pescoço. Sim! Perfume de homem. (gente, ser humano)
Deduzi então que ele tinha duas casas. Dois senhores. Dois deuses. Dois donos. Dois amores. Dois provedores de suas necessidades básicas, ou seja, comida.
Quando mudei para um apartamento no centro da cidade, resolvi castrá-lo.
Meus problemas acabaram, e os dele também.
Enfim, agora ele vive todo dia dormindo, comendo, pegando um solzinho, e recebendo todo amor, carinho e provisões de um só dono. Ele é feliz!
As vezes me pego olhando fixamente para o Denzel e refletindo sobre o preço que ele pagou para ser assim, tão feliz.
Teve que "renunciar" sua identidade de macho dominante, (que na verdade, só lhe trazia problemas) teve que se submeter, aceitar e render-se totalmente a mim: sua dona!
Levo isso então para o lado divino da coisa:
"Renunciamos" nossa identidade de humanos frágeis?(achando que somos muito fortes)
Nos submetemos, aceitamos e nos rendemos totalmente ao nosso "dono"?
Com ceteza, seríamos felizes como o Denzel se assim fizéssemos.
Mas... Quantos donos temos? Quanta soberba, quanto orgulho ferido, quanta fortaleza...
Que possamos aprender com o Denzel... Denzel Washigton, um gato e tanto!"

Terezinha Castro

Nenhum comentário:

Postar um comentário