sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

SANDRA E A FORMIGA

Recebi e agradeço a história a seguir de minha querida amiga e poetisa Sandra.
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Sentei-me na varanda e, lá, estava ela: parada e, claro!, antenada pelo meu movimento. Eu olhei pra ela, ela olhou pra mim e...

Bem, sabia eu do meu chinelo, ali, perto.... Mas, minhas Havainas?!... Hhmm... Eu acabara de lavar... Elas haviam atingido o máximo de sua coloração branca...Não era justo uma única mancha naquela coisinha linda que nunca deformaram e nunca soltaram cheiro.

No impasse, percebi que ela se aproximava lentamente... Ousadia da bicha! Levantou umas esqueléticas patinhas pensando que era cavalo e vinha naquela desfaçatez machadiana como uma Capitu sem eira,nem beira...

Deixei o caso rolar...

Ela chegou mais perto, mais perto... Mediu a altura dos meus dedos e,finalmente, percebeu que não era o Aconguagua;dava pra encarar!

Assim foi... ou melhor, veio.

Escalou os dedos timidamente... Parou, respirou e, de repente, eu juro! Tive a impressão que sentou-se!

Poucos segundos após, continuou escalando, alcançando o dorso de meus pés.

Eu, claro, esperava que a estorinha do escorpião e do sapo encontrasse sua verdade em qualquer minuto... Mas, ledo engano...

Ao descobrir minhas pernas, lá vinha ela confiante e resoluta... Ao meu joelho, resolvemos saber quem era quem... Ela olhou pra mim levantando aquelas maravilhas de caniços... Eu, olhei pra ela pensando, pela primeira vez, em como deveria ter sido difícil aquele transpassar de barreiras, observando a altura em que ela estava. Ora, a relação tamanho-esforço daquele ser com a altura em que estava era relevante em minha análise matutina.

A idéia do peteleco dissipou-se... Aquele ínfimo ser não merecia... Não depois de ter conhecido o poder da determinação hercúlea que a levara ali, ao topo do mundo – o meu joelho!!!

Já quase chorando de amor e admiração por aquela maravilhosa força em forma de formiga, meu telefone tocou. O aparelho estava no quarto.

Precisei levantar e, aí.... num colóquio afetivo eu disse-lhe: precisa confiar em mim e passar pro meu dedo pra que eu possa soltá-la no chão. Mais que prontamente, o Dona Coragem passou como quem pega um elevador social, no maior estilo.

Dei-lhe tchau, no que eu nem olhei pra trás pra não receber uma resposta. Vai que o delírio toma forma....

E, de médico e louco, o mundo já está abarrotado!!!

Eu heimmm...

Ahhh!! Essas pequenas GRANDES coisas da vida!!!!!!!!!!

2 comentários:

  1. Que beleza de blog Bento. Vou acompanhar. Abraço.

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  2. Essa sensibilidade
    Éprópria de grandes artistas.
    É própria de pequenos gestos de amor.
    É sem par...
    Nesse mundo tão cruel.
    Que Deus nos dê a felicidae e a honra de colocar animais no céu para conviverem conosco.

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